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Mazorca d' Assuntos
Sorrio, sorrio muito, talvez porque acredite que o sorriso esconde lágrimas que, apesar de secas e sem forma, não deixam de cair.
Calo-me, calo-me porque acredito que o silencio das palavras oculte um interior ruidoso, desassossegado!
As poucas Palavras que vão escapando, calmas e doces, tentam camuflar a revolução que vive nos pensamentos.
Apenas os olhos tristes, sem cor , revelam um envergonhado pedido de ajuda que vêm de dentro, dum estranho local onde se escondem todos os sentimentos, que vive de forma completamente livre , não deixando ninguém interferir na sua vontade própria .
Nada abafa a verdade existente no olhar , a sua transparência põe a descoberto tudo o que os restantes sentidos tentam encobrir!
Desde que nossos olhares deixaram de se cruzar que o meu ficou sem sentido de viver , que lhe faltou a luz.
Agora vivo irado com o destino , que nos afastou, zangado com o rápido desfolhar das paginas no calendário, com o súbito aceleramento dos ponteiros deste relógio que não pára, que me tornou em ausência de conteúdo, em fuga de vida !
Vida , olho agora para ela como um palavrão, ela que tanto me deu, mas também ,lentamente e sem eu dar por isso, me foi esvaziando, me tornando em nada !
Como chegaste até mim ainda hoje é um mistério, mas alguma razão fez com que os meus olhos tenham ficado bloqueados em ti, que o meu coração tenha criado um elo com o teu. Contigo descobri que amar têm conteúdo: são sentimentos e sensações inexplicáveis, que trocam toda a lógica da racionalidade, fazendo-me ir quando devía ficar , fazendo-me rir quando quero chorar , tornando-me forte na maior fraqueza.
Agora estas longe de mim mas deixaste um rosto á saudade, um aroma, um sorriso, um toque, um abraço...
Todo o receio que um dia revelasses as asas e levantasses voo tornou-se uma realidade palpável e dolorosa, que vou atenuando com aquilo que deixaste para trás... o teu beijo, aquele que tanto adoro. Deveria de haver forma de o guardar para o ter sempre comigo, para senti-lo sempre que quisesse.
Lembrar-me de ti é lembrar-me de nós, impossível faze-lo sem soltar um suspiro, sem sentir um aperto no coração!
Olho em retrospectiva e recordo dos dias felizes em que foste a minha luz , minha guia , meu norte.
Do tempo em que esse teu beijo me transportava para um outro mundo, que me fazia suspirar em vez de respirar, quando a tua presença me fazia correr quando bastava andar , quando a alegria que me transmitias me fazia saltar quando bastava estar, quando me fazias sentir vivo.
E agora como continuo sem o teu beijo ?
Desde o principio que era evidente quem era o elo mais fraco
seria o meu coração a sofrer , seria dele o papel mais doloroso ,
ainda assim ele deixou-me seguir, acreditar, investir
Talvez tenha sido seduzido, talvez tenha sido esse teu sorriso
o certo é que fiquei preso a este amor açambarcador
No entanto sei que nada já poderá ser feito por nós
tanto lutámos e não resultou, nada te trouxe definitivamente ate mim
agora só sei... és muito importante , marcante
vou lutar para apagar este amor que sinto por ti ,
transforma-lo em algo que consiga transportar com menos sofrimento
e apenas guardar o que já ninguém nos pode tirar : os nossos momentos!
Choro ao perceber que o sonho acabou , que não estarás mais aqui para receber o meu abraço
para sempre aqueles instantes mágicos, tão nossos, estarão gravados em mim
e quando essas lembranças me assolarem sentirei a tua falta
a ferida que ficou jamais será cicatrizada
porque um dia me deste a conhecer o paraíso, e agora a terra parece-me um lugar demasiado frio
Há uma grande tendência para ficarmos saudosistas em relação ao passado , mas pior que tudo , ficar frustrados e tristes quando algo que foi bom,se alguma forma se acaba .Facilmente fazemos por esquecer o que nos fez feliz só porque já não faz!
Julgo que a atitude correcta , uma atitude interior , é olhar para tudo de bom que aconteceu , as emoções que vivemos , os momentos em que nos sentimos realmente vivos, e agradecer por ter acontecido.
Seguir em frente sem amarguras ou decepções guardadas mas sim com o lado bom da bagagem!
Há muito que o teu sabor doce e cheio de aromas frutados deixou de se fazer sentir. Resta o sal, tudo o resto se tornou em desvanecidas memorias.
Entrego-me ao vento, mergulho no mar , deito-me sob o sol ou caminho na chuva, mas nada me resgata desta morte lenta. Restará o fogo, esse poderoso aliado, quiçá amigo derradeiro!
Esforço minha memoria em busca do mel, paladar da minha meninice. Busco aqui e ali, nas mil doçuras que antes existiam, um sabor que me desperte, que me acorde , que me traga á vida... mas em vão.
Percebi que era dentro de mim que corria uma nascente, que transbordava por todo o corpo essa energia que me adoçava a existência. Mas todas as lágrimas derramadas acabaram por secar essa fonte!
Tento descobrir em mim aquele menino que sonhava,
procuro sem qualquer resultado, a esperança que o acompanhava!
A imagem desse menino parece-me agora tão distante, quase na fronteira entre a realidade e a ilusão.
Os dias passaram sem nada acrescentar, o menino cresceu e os sonhos morreram
apenas ficou o vazio, a desilusão
agora...neste mar navego á deriva, a tempestade ganha cada vez maior proporção
os remos estão ali, o leme também , mas o esforço para pegar neles parece-me demasiado grande
talvez não queria assumir o rumo , talvez seja mais fácil deixar-me ir para o abismo!
procuro por ti menino... mas há muito que deixei de te ver !
O frio Invernal com que a luz do dia rasgou a penumbra não indiciava nada de bom, a chuva intensa e desagradável que me brindou assim que abri a porta da rua só me fez pesar mais o semblante!
Estes tons escuros e tristes entristecem-me de dentro para fora, o olhar pesado e cansado denota muita amargura,mas é apenas a ponta visível de raízes fortemente encastradas no coração, ou quem sabe noutro lugar refundido no meu interior que guarda todas as memórias que gostaria de ter reciclado faz muito tempo!
Mais um dia difícil , penso... assim têm sido ultimamente , uns atrás dos outros sem cessar. Faz tempo que desisti de lutar contra este fado, faz tempo que desisti de tentar mudar o rumo e me deixei ir ao sabor do vento.
Toca o telefone, mais uma vez não me apetece atender, não tenho razão para não o fazer , apenas não me apetece, também têm sido assim os últimos tempos, o corpo apenas reage aos instintos básicos, o cérebro há muito que deixou de ser utilizado convenientemente!
Mas um raio de sol, aparecido do nada, rasga o céu cinzento, iluminando-me o rosto, isso agrada-me, aquece-me!
Estranho este sentimento... o telefone volta a tocar, desta vez atendo!
Mal eu sabia que aquele telefonema mudaria para sempre a minha vida!
Enche-nos a alma as boas lembranças, aquilo que já se viveu,
é no retirar o lado bom de tudo que percebemos o quão importante é a vida .
Obvio que há sempre uma dor quando algo que é tão forte, por alguma razão acaba , ou melhor , passa a existir de outra forma !
Sim...existe de outra forma, o que existiu de verdade nunca acaba , fica para sempre dentro de nós!
Por vezes trás uma lágrima, mas outras um sorriso.
Mas têm sempre a capacidade de provocar o tal "aperto no estômago".
Lágrimas ...elas caem e dificilmente se conseguem adulterar ...
Podem ser alegria ou tristeza mas serão sempre emoções
há assim lágrimas com muitos significados , algumas são mesmo desejadas
mas a piores são as de frustração, saber que podemos fazer mais e melhor
ou que não fomos suficientemente bons trazem esse sentimento tão ingrato...tão difícil de lidar
hoje chorei...não soube ser melhor !
imagem neteira
Por vezes o nosso melhor não é suficiente , lutamos contra todas as adversidades sem medos , entregando tudo o que temos e por vezes até algo que pensávamos não ter . Caminhamos aplicando tudo o que nos trouxe até aqui , corrigindo velhos erros e aperfeiçoando o que até correu bem. Mas ainda assim falta sempre qualquer coisa ... e de repente damos conta que afinal estamos a patinar no mesmo local , com o agravante de agora termos menos tempo pela frente .
Levanta-se a derradeira questão:- E agora, vale a pena , será que ainda vou a tempo ?
Nunca desistir esteve tão perto, mas ainda me deito a dizer - até amanhã! É um inequívoco sinal que ainda me resta a esperança que vai haver amanhã...
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